3.11.2010

Masonic Secret VI

(...) O maçon a quem uma cerimónia é dedicada é sempre o centro da mesma. Para que a viva e não apenas a ela assista. O objetivo é VIVER a cerimónia. Não revivê-la. Por isso a deve desconhecer antes de dela beneficiar. Por isso devem as cerimónias maçónicas permanecer secretas, de conhecimento reservado a quem o deve ter - e só a esses.

Mas há dezenas de versões de rituais publicados. através dos quais se pode ler o texto de diversas cerimónias. Qual então o interesse de continuar a preservar o sigilo sobre rituais e cerimónias? Duas razões avanço: em primeiro lugar, muito do que está publicado não é já atual. Pode ter semelhanças com o que atualmente se pratica, mas também tem diferenças, algumas significativas. Em segundo lugar, um ritual, uma cerimónia, não é - longe disso! - apenas um texto que se lê ou recita. É muito mais que isso. É movimento, é entoação, é gesto, é interpretação. Muito do que ritualmente é executado não está escrito. É aprendido pela observação, aperfeiçoado com o auxílio dos que antes aprenderam a executar. Por isso é importante o trabalho de aperfeiçoamento ritual de uma Loja. Como um meio. Nunca um fim em si mesmo.

Preservar o segredo quanto a rituais e cerimónias é preservar a essencialidade da cultura maçónica, da sua diferença em relação ao mundo profano. É preservar o método de transmissão e apreensão de conhecimentos. É, enfim, proteger o cerne da Maçonaria.

Os rituais e cerimónias maçónicos, sendo reservados aos maçons, não têm nada de especial, a não ser o cuidado em que sejam um meio eficaz de transmissão de noções, mais uma ferramenta do método maçónico de aperfeiçoamento. Nada têm de censurável ou perigoso. Em nada contendem com as normas do Estado ou com os princípios da Sociedade. Por isso, os maçons também preveem e organizam, de quando em vez, cerimónias a que chamam de brancas, ou seja, abertas a profanos, também executadas ritualmente, através das quais os profanos - e, em primeiro lugar, as profanas com quem partilhamos as nossas vidas... - podem aperceber-se de como decorre uma reunião maçónica. O princípio é sempre o mesmo: os maçons reservam para si o que só para si deve ser guardado, mas não têm qualquer problema em mostrar aos demais o que extravasa do núcleo estrito de reserva, nem em demonstrar como fazem.

Afinal de contas, num mundo ideal, todos seríamos maçons...