12.07.2009

José Manuel Anes, Past-Grand Master gives an interview to Correio da Manhã

O professor universitário habituou-se cedo a ouvir de tudo. A música clássica é um de vários géneros que gosta de apreciar com o volume no máximo.
Descreve a casa onde vive sozinho com um entusiasmo particular:
"É uma vivenda grande e escura, na Costa de Caparica, parece que está assombrada".
José Manuel Anes encontra ali o refúgio ideal para uma das suas actividades favoritas: ouvir música, "com o volume da aparelhagem no máximo, coisa que só posso fazer numa vivenda, onde os vizinhos não se queixam do barulho".
Assume-se como um melómano, e na hora da escolha do objecto de eleição, não resiste a duas obras-primas: Idomeneo, a ópera de Wolfgang Amadeus Mozart e Die Schöpfung (A Criação), oratório composto por Joseph Haydn.
Une as duas obras um ponto comum: "O discurso contra os fanatismos religiosos e a intolerância. No caso de Mozart, conta-se a história do rei de Creta, que prometeu a Neptuno que se ganhasse a guerra, sacrificaria o primeiro homem que encontrasse. Acaba por recuar quando percebe que o sacrificado seria o seu próprio filho. Quanto a Haydn, "a forma como Eva e Adão se completam é uma mensagem poderosa", diz José Manuel Anes.
As novas edições de ‘Idomeneo’ e de ‘Die Schöpfung’ (que a Orquestra Metropolitana de Lisboa leva ao CCB no próximo domingo) saíram este ano.
"São discos gravados pela orquestra barroca de Friburgo, sob a direcção do maestro René Jacobs, que muito admiro", diz José Manuel Anes, que lembra as vidas dos compositores austríacos do século XVIII:
"Haydn era muito mais velho, mas eram amigos. Curiosamente, foi Mozart que convenceu Haydn a juntar-se à maçonaria", conta o homem que já foi Grão-mestre da Grande Loja Legal de Portugal.
Sublinha outra coincidência: "Ambos eram crentes, como eu".
Outro ponto comum é o facto de os dois compositores austríacos serem maçons, como Anes: "Mas não é por isso que os considero geniais", garante.
Habituado a ouvir música desde muito novo, José Manuel lembra a influência do pai "e de um grupo de amigos mais velhos com os quais ia ao São Carlos e a todos os concertos e espectáculos de ballet".
José Manuel Anes foi guitarrista de rock, cantou no orfeão do liceu Camões e é um apaixonado por jazz . Não consegue viver sem música: "O Mundo seria mais pacífico se se ouvisse mais Mozart".
In Correio da Manhã